segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Riot Grrrls


Tudo começou com aquela história de Eva ter sido criada a partir de uma costela de Adão. Já começaram dizendo que éramos seres inferiores. Surge a idéia da nossa devida submissão aos machos. Então, Eva é convencida pela serpente – outra figura feminina – a comer o fruto proibido. Ela come e todos são expulsos do paraíso.
Mas que porra de paraíso é esse em que todos são obrigados a renunciar aos seus desejos?! Que bela concepção de paraíso, Sr. Deus.
Por que aceitamos tudo isso?! Vivemos em uma sociedade extremamente machista. É claro que já foi pior, mas hoje o preconceito está tão enraizado que nem o percebemos mais.
Antigamente era inadmissível uma mulher sair sozinha, perder a virgindade antes do casamento – o que não mudou pra algumas culturas -, trabalhar fora de casa, usar calças, frequentar um ambiente tipicamente masculino, nem o direito ao voto a mulher tinha, e isso só pra citar alguns exemplos…
Foi só a partir dos anos 60 que as mulheres começaram verdadeiramente a ter destaque perante a sociedade. Junto com toda a efervescência política daquela época, surge a minissaia, a pílula anticoncepcional, a idéia de independência financeira feminina… eis o surgimento da revolução sexual, surge um novo comportamento, a busca por prazer e emancipação, a quebra de antigos paradigmas, o anseio por liberdade e igualdade, a paz e o amor dos hippies… Mulheres & homens combatendo a caretice comportamental que reinava até ali. As coisas começaram a mudar, mas ainda tinha muita coisa a se fazer.
Mais pra frente, nos anos 90, influenciado pelas feministas dos anos 60, surge o movimento riot grrrl nos EUA. Esse movimento foi popularizado por bandas de meninas, como Bikini Kill, que vieram pôr um fim no mito de que mulher não podia tocar instrumentos musicais tão bem quanto os homens. E convenhamos, as meninas munidas de suas guitarras, baixos e baterias, deixaram e continuam deixando muitos homens no chão.
Riot Grrrl é feminismo com atitude, para mudar a sociedade e as pessoas com palavras radicais. É ser você mesma, se recusar a mudar o seu jeito por causa da sociedade, não se conformar com certos padrões. Aceitar a beleza em suas mais diversas formas. É ter opinião própria.
Fácil ver como as coisas avançaram, mas como eu disse no começo, há alguns preconceitos tão enraizados que já nem os percebemos.
Mulheres exercendo o mesmo cargo que os homens e ganhando menos. Mulheres humilhadas pelos seus maridos, muitas vezes vítimas de violência física. Mulheres nem tão bonitas nem tão magras sendo desprezadas. Mulheres em busca do corpo perfeito gastando milhões com cirurgias plásticas ou morrendo de anorexia. Letras de músicas insinuando a mulher como simples objeto. Menos de um quinto de mulheres participando da política brasileira.
 Mulheres são frágeis. Mulheres não podem falar abertamente de sexo pois é vulgar. Apenas mulheres devem ser fiéis. É apenas dever das mulheres cuidar dos filhos e arrumar a casa. Mulheres inteligentes demais não servem pra fuder. É normal homens casados procurarem prostitutas pra se divertirem. Homens mandam na relação e são os chefes da casa. Homens devem obrigatoriamente ganhar mais do que suas parceiras, é humilhante se o salário dela for maior. Homens com muitas mulheres são garanhões. Mulheres com muitos homens são putas. Homens que assistem vídeos pornôs são machos. Mulheres que assistem vídeos pornôs são vacas. Homens devem ser fortes. Mulheres devem ser delicadas.
Ah, qual é? São inúmeros os clichês que ouvimos diariamente. E porra, NÓS TEMOS QUE SER/FAZER O QUE QUEREMOS! Por que aceitar os estereótipos que a sociedade nos impõe como corretos? Cada um tem o direito de escolher o que é ou não correto pra si mesmo. Também é da escolha de qualquer um deixar-se ser dominado pelos pensamentos e preconceitos dos outros ou não. A verdadeira mudança tem que partir de cada um de nós. Porque se homem machista já é uó, mulher machista então nem se fala. Cabe a nós, garotas, escolher entre continuarmos presas aos padrões pré-estabelecidos que nos são impostos ou quebrá-los e bancarmos assumir nossas bundas e cérebros.
Como desde o princípio, a luta por igualdade continua.

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