quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mas... O que é um estilista?

Quando o assunto é artes plásticas, o senso comum idealiza gênios, dotados de talentos extraordinários, que nasceram assim, com essa espécie de dom natural. Não importa o estilo que o artista siga.

Quadro "Nascimento de Vênus" de Botticelli
Quadro "Noite estrelada" de Van Gogh
Quadro "Guernica" de Picasso
 Já quando o assunto é moda, costumamos abstrair todos que trabalham duro nos bastidores (costureiras, modelista, estoquista, pessoal do marketing, etc.). Nossa mente costuma ter o mesmo enfoque que os holofotes: nas modelos e nos estilistas.

As modelos, muitas vezes vistas como meros objetos, são consideradas pelo grande público "cabides", rostos e corpos bonitos, mas irreais que servem apenas para realçar uma roupa (uma visão que não chega a estar completamente errada, mas que é simplista demais, e se torna danosa quando desqualifica toda uma classe de profissionais, mas tratarei sobre modelos em outro texto).

Já os estilitas, são concebidos pelo senso comum como "excêntricos" ou "malucos" que produzem peças sem noção de uso prático, e alguns até mesmo os consideram "gênios incompreendido no seu tempo".



Os três modelos a cima são dos estilistas Viktor e Rolf
Foto dos Estilistas Viktor e Rolf, representantes do
Surrealismo na Moda. Notem que apesar dos modelos
controversos que eles desenvolvem, como eles se
vestem de maneira clássica.

O que precisamos compreender é que quando olhamos uma coleção bela, mas dizemos "onde eu usaria isso?", o propósito do estilista não foi criar uma moda para uso cotidiano, mas usou roupas como uma forma de expressão artística. Da mesma forma que após  invenção da máquina fotográfica, os artistas plásticos pararam de tentar reproduzir o que já existia e usavam a pintura como forma de expressão pessoal e visão de mundo, como podemos ver em estéticas como o impressionismoexpressionismo, surrealismo, cubismo, op art, etc.

Desfiles extravagantes são formas de desafiar o status quo, de quebrar paradigmas, de fazer refletir.

Mas não podemos nos esquecer que também são estilistas que desenham as roupas que usamos no dia a dia, aquelas roupas que batemos o olho numa vitrine, e desaceleramos o passo para podermos ver melhor. Mas quando o estilismo é visto deste ponto de vista, aí o preconceito é outro: as pessoas consideram que não é necessária uma especialização para produzir roupas cotidianas, "é só unir o panos, colocar um detalhe diferente e está pronto". Infelizmente, muitos estilistas vivem de plágios e cópias descaradas do trabalho de outras pessoas, de fato pegam uma peça pré-existente, mudam o detalhe de um bordado e assinam a peça como sua, sem nem dar os devidos créditos.

Mas o real processo de criação é trabalhoso. Claro que são usados elementos já existente. Mas isso em qualquer tipo de arte ou expressão pessoal. Você usa um código de signos comuns, se não fosse assim, você não poderia nem ao menos ser compreendido. Mas a verdadeira criação é combinar esse elementos já tão usados e repetidos de uma forma única, inesperada, própria, mas que agrade a muitos outros.

Por fim, acho que o mais importante, seja quando falamos de artes plásticas, de moda, de literatura, de arquitetura, enfim, de qualquer ramo profissional, é desmistificar esse profissional. Em qualquer área sempre haverá os maus profissionais, os bons, os excelentes e os extraordinários. Um mau profissional, provavelmente não está fazendo o que gosta, e nem busca se dedicar, mas quem é bom no que faz, não é porque nasceu com um "dom divino", a pessoa pode até ter um habilidade natural, mas é o trabalho duro que torna essa pessoa realmente boa no que ela faz, são horas e mais horas de prática, e noites sem dormir. E no caso da moda, criar uma coleção, seja ela mais artística ou para o público em geral, exige horas de estudos, de prática de exercícios, de pesquisas (de mercado, de mudanças sociais, biotipo da população, entre muitas outras).

Por enquanto vou ficando por aqui, aguardo seu comentário com sugestões, elogios ou crítica. Qualquer dúvida estamos à disposição.

Ass.: Camil Strongren

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